Quem sou
Carolina Freire
Antes de você me conhecer como psicóloga, quero te falar como Carolina. Como essa pessoa que, assim como cada um de nós, é tecida por tantas linhas e pontos. Nasci em uma casa cheia – cheia de conexão, calor, livros, cadernos. Filha de pedagoga e professora, a educação se apresentou para mim como uma janela de libertação e de autonomia do ser humano. Valores que carrego tanto quanto os colares que visto todos os dias.
É essa possibilidade de descortinar o mundo, de se descobrir enquanto ser único e, ao mesmo tempo, enquanto ser integrado a outros seres que me convidou ao estudo incessante do desenvolvimento humano. Como os bordados que aprendi, vejo a vida em tramas cruzadas, enlaçadas que fazem o todo porque existem por si. Porque onde tem gente, enxergo potência. Vejo vivências de múltiplas cores. Indivíduos vibrantes, com todas as suas nuances que, despertos, criam um coletivo. Vivo e pulsante.
Da Carolina gente para a Carolina que é psicóloga de gente. Meu caminho na Psicologia é permeado pelo entroncamento de muitos outros caminhos. Como afluentes, fui abrindo passagens para atuações tanto no espaço privado quanto público.
No consultório, recebo as pessoas para um atendimento que acolhe e que vibra com as descobertas de cada um ao longo do processo. Todos os coloridos são bem-vindos, a pluralidade de gentes é bem quista.
As portas se abrem para uma escuta ativa, para uma conversa que é troca e suporte para toda expansão inerente a todo ser humano que propõe se olhar, se (re) visitar. Sem expectativas ou julgamentos, na clínica, o caminho é lado a lado para o fortalecimento diante das fragilidades, para luz diante das sombras e para a consciência diante das escolhas.
Apaixonada pelo poder criativo do coletivo, atuo como consultora em educação e realizo também encontros para formação em Desenvolvimento da Sexualidade Infantil, Cuidado da Criança Interior e Desenvolvimento Humano. Sou professora universitária, supervisora clínica e institucional. Ser espectadora dos bordados de vida que surgem é de uma alegria que meu sorriso, ao sair dos atendimentos e dos encontros, é mais certeiro que brisa de mar.
Mas o consultório e as salas de aula não são meus únicos habitats. Sou psicóloga para além do muro.
Assim, fui conselheira municipal da criança e do adolescente em Campinas, colocando-os como sujeitos de direito, defendendo o potencial do desenvolvimento humano e suas complexidades, longe de uma visão reducionista e determinista.
Nos anos de 2014 a 2016, fui conselheira nacional e pude sentir na vivência do dia a dia que o último pensamento dos adultos é em relação à infância. Há ausência de políticas para esse início, onde tudo começa, de onde tudo se origina e de onde a vida se apresenta, feito estreia. Como não pensar nisso? Como não estar presente?
Ainda dentro da esfera pública, atuei na Secretaria de Saúde de Sumaré e circulei por muitos ambientes, entre eles, os Centros de Referência DST/Aids e conheci a realidade dos trabalhadores e trabalhadoras do sexo e das pessoas LGBTQIA+.
Meu trabalho era como psicóloga, mas ficar atrás de uma mesa não era uma opção para mim. Eu gostava de estar na rua, próxima das pessoas, transitar pelas periferias. Somente assim, eu poderia afetá-las e senti-las, de fato.
Ao vivenciar esse contexto humano, desenvolvi um projeto de formação com oficinas para professores, agentes comunitários, enfermeiros e auxiliares que ia além da conscientização para uso de preservativos.
O objetivo era gerar autonomia e garantir cidadania às pessoas atendidas e transformar o olhar e o cuidado por parte dos responsáveis, possibilitando uma ação mais ampla, capaz de abraçar a saúde de forma integral, com o horizonte para um projeto de vida e fortalecimento de vínculos. O projeto se tornou referência para outras ações, em outras cidades e estados, e meu coração se tornou muito maior depois disso.
Sou apaixonada pelo desenvolvimento humano e por toda força que ele emana quando podemos percebê-lo de perto e de verdade. Por isso, a trama que tece e sustenta meus passos como psicóloga é feita da bonita e potente intersecção entre educação, saúde e políticas públicas.